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NENHUM LUGAR É CASA, QUANDO SUA CASA FOI INVADIDA DESDE MUITO CEDO!

  • Foto do escritor: apretavivi
    apretavivi
  • 5 de jun. de 2024
  • 3 min de leitura

Esse é um desabafo, consciente!


Hoje é um dia, posso dizer que possui uma margem de importância elevada. Essa semana mesmo vi um vídeo na internet uma moça falando que mês de maio foi um mês para reflexões e Junho é o mês de tomada de decisões. No que diz a meu respeito, ela acertou em cheio.


Sou uma mulher negra que nunca se sentiu em casa, em lugar algum. Esse lugar, o tal de lar sempre foi difícil pra mim, afinal sou diferente.


Ontem na sessão com a minha psicóloga maravilhosa, estávamos pontuando a importância de tirar algumas coisas de dentro de nós e como já disse no ultimo post aqui, tem coisas que só saem da gente por escrito. Na tentativa elencar coisas que eu preciso por no papel, me veio a lembrança da minha criança, vou falar um pouquinho dela aqui.


Apesar de tímida, sempre fui curiosa. Porem minha pequena menina apanhou muito para aprender a fazer uma das coisas que ela mais ama hoje, a ler. Com meus 5 anos de idade eu já era alfabetizada e fazia as operações básicas de matemática, aprendidas com dor, mais aprendidas.


O que leva uma criança curiosa e letrada antes do tempo, a querer explorar o mundo a sua volta, isso nem deveria ser um problema, mais minha curiosidade com letras, placas, rótulos e palavras me renderam um apelido na própria família de "menina prosa." Hoje aos meus 31 anos olho pra mim com a tentativa de passar minhas curiosidades despercebido, por que esse lugar de exposição sempre me foi muito cruel, mas não consigo, amo palavras, amo ler, amo conhecer coisas novas e falar sobre elas e minha psicóloga vem me ajudando a ressignificar essa menina prosa.


Pensando com ela, não importa qual o significado me deram para essa palavra, hoje eu assumo a minha "prosidão", como aquela que assume a fala e conta histórias, como uma prosas de língua portuguesa.


Quando digo que nenhum lugar é casa, falo sobre essas coisas que nos tiram a dignidade desde muito cedo, como uma mulher preta, vitima de diversas violências, me coloco a repensar o lugar de casa, assim tal como o de prosa. Quando nossa casa interna é invadida desde muito cedo, nenhum lugar no externo parece seguro, e talvez não seja mesmo. Assim como ser prosa me fez tentar me esconder de mim mesma por muito tempo, para esse mesmo ciclo, é lá que as coisas começam. E se é esta cultura intrafamiliar que fez e/ou faz você não se sentir em casa dentro de você, como será possível encontrar casa fora?


Meu super herói favorito o Raio Negro, tem uma fala, que tem me impactado desde que ouvi a primeira vez, aos seus alunos ele sempre pergunta: - De quem é essa vida? É MINHA - O que você vai fazer com ela? VIVE-LÁ CUSTE O QUE CUSTAR.


Com isso Hoje 05.06.24, encerro todos os ciclos de lugares, pessoas e coisas que não me deixe confortável na minha casa interna. Quando eu digo confortável não digo sem conflitos e/ou divergências de pensamentos, opiniões e ideologias. Mas digo onde não tenha espaço para ser vista, ouvida e respeitada com toda a minha prosidão, como bem diz Bell Hooks:


Da escravidão em diante, as pessoas negras [...] aprendemos a nos resguardar em nossa fala. Dizer a coisa errada podia levar à punição severa ou à morte.” (hooks, 2019, p. 327). Assim, erguer a voz se torna um modo de transitarmos da posição de objetos para sujeitos, de nos libertarmos.

Erguer a voz é um ato politico de resistência, a naturalização dos silêncios não acompanhará minha próxima geração, digo as mulheres da minha família encarnadas ou desencarnadas, é difícil, doí e doí muito, porém essa cultura de silencio e violências não prevalecera, por mim, por minhas ancestrais e para que as próximas gerações não precisem passar por isso.


Eu reivindico! ESTA VIDA É MINHA E VOU VIVE-LÁ CUSTE O QUE CUSTAR!



 
 
 

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Há um provérbio iorubá que diz: “ORÍ ENI NÍ UM'NI J'OBA” – A cabeça de uma pessoa faz dela um rei. E é nisso que está nossa esperança, e esperança não no sentido de esperar, mas de esperançar; de continuar a luta por um lugar melhor.

 

É exatamente o que me faz  transforma a minha dor em caminho de luta e resistência pessoal e profissional.

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